sexta-feira, 5 de março de 2010

Das coisas que os vinhos franceses são capazes - parte 1

Dr. Borges costumava dizer que as mulheres em geral se entregam demais em um relacionamento e geralmente se esquecem das próprias vidas, tudo vai para segundo plano. Por isso, depois de anos de terapia e do fracasso do meu último relacionamento eu havia decidido ser fria, calculista e racional com qualquer homem que tentasse aproximação.
Quando decidi ir à França do alto dos meus 28 anos e do baixo da minha auto-estima de pré-balzaquiana desiludida, eu não pretendia viver nenhum romance à moda francesa, na verdade eu estava querendo me apaixonar por mim mesma, ficar só e voltar uma pessoa melhor. Mas como eu ia dizendo, não sabia quanto valia 3 segundos na vida. E ao olhar para aquele homem que secava meu derrière senti um frio na barriga de uma forma que nunca havia sentido. O sorriso, o charme desleixado e a simpatia de Bruno me encantaram de forma que terminei o dia sentada às margens do Rio III, com quatro garrafas de vinho vazias, ao lado de um brasileiro machista, vendo cada ano de terapia desaguando rio abaixo. Eu havia me apaixonado outra vez!

PAVÊ RIO III 

Base

- 2 latas de leite condensado
- 2 col. de sopa de amido de milho
- 250 g de leite integral
- 200 g de biscoito maisena

Cobertura

- 250g de chocolate meio-amargo derretido em banho maria ou microondas
- 1 cx. Creme de leite
- Nozes picados

Preparo
- Misture o leite condensado, o leite integral e o amido de milho.
- Leve ao fogo até formar um creme homogêneo. 
- Depois de pronto, coloque a metade desse creme em um refratário e guarde o resto.
- triture o biscoito e separe
- molhe rapidamente com um pouco de leite e em seguida coloque sobre o creme do refratário
- Cubra com o restante do creme
- Leve a geladeira por 24 horas

Preparo da cobertura
- Misture os ingredientes
- Leve a geladeira por 1h.

Hora de servir
- Despeje o creme de chocolate e nozes sobre a base
- Leve a geladeira por mais 1h








quinta-feira, 4 de março de 2010

Derrière

Dois dias em Strasbourg e eu já sentia vontade de ficar lá para sempre e de ser linda como as mulheres de lá, por isso retomei o meu plano de emagrecimento rumo aos 55kg. Acredito que percorria 3km de corrida do albergue que estava hospedada até a melhor boulangerie da cidade onde comia 3 deliciosos croissants, adquirindo assim todas as calorias que havia perdido. Um dia Ana me falou que o segredo das francesas é sempre pedir porções pequenas, por isso ao invés de pedir os 3 croissants de uma vez, pedia de 1 em 1 e minha consciência ficava relax.

Talvez se eu não tivesse pedido o terceiro croissant naquele lindo dia de inverno, minha passagem por Strasbourg teria sido um tanto mais tranquila, mas não foi o que aconteceu, eu me levantei rumo ao balcão para pedir o terceiro. Foram 3 segundos da cadeira ao balcão, eu definitivamente não sabia quanto valia 3 segundos em uma vida. Ao pedir o maldito (ou seria bendito) pãozinho, percebo que o caixa olha para algo atrás de mim e pigarreia (ham ham), foi o tempo de eu virar e perceber um homem de gorro, mochila nas costas e barba por fazer olhando com absoluta cara de pau para meu excelentissimo e bem coberto "derrière".




 BAGUETE FRANCESA OU PAIN À BRASILEIRA

Massa

- 2 1/2col de chá de fermento fresco
- 1 2/3 xíc. de chá de água morna
- 500g de farinha de trigo especial, mais se necessário
- 2col. de chá de sal
- Manteiga para untar
- 10-15 cubos de gelo

Preparo

- Em uma tigela pequena, esfarele o fermento sobre 60ml (4 col. de sopa) de água. Deixe descansar por cerca de 5 min, até dissolver, mexendo uma vez.
- Coloque a farinha em uma base de trabalho junto com o sal. Faça um buraco grande no centro e adicione fermento dissolvido e a água restante. Com a ponta dos dedos, trabalhe os ingredientes até ficarem bem misturados.
- Aos poucos, vá juntando a farinha com o raspador de massa e misturando-a aos ingredientes líquidos até obter uma massa lisa. Ela deve ficar macia e levemente pegajosa.
- Polvilhe farinha na massa e comece a trabalhá-la, segurando a massa com uma das mãos e estendendo-a com a outra, na direção contrária à sua.
- Continue a abrir e fechar a massa. Gire-a um pouco e trabalhe por 5-7 minutos, até ficar muito macia e elástica e virar uma bola. Se a massa ficar pegajosa, enfarinhe de leve a base de trabalho.
- Pincele uma tigela grande com manteiga derretida. Coloque a massa trabalhada na tigela e vire-a para que o outro lado fique levemente untado. Cubra a tigela com um pano de prato úmido e deixe a massa crescer em local quente, por 2h-2h30min, até que triplique de volume. Vire a massa em uma base de trabalho levemente enfarinhada e trabalhe por 15-20 segundos a fim de eliminar o ar
- Volte a massa para a tigela, cubra e deixe crescer em local quente por 1h-1h30min, até dobrar de volume.

Moldar e assar

- O ideal é usar uma forma especial para baguete 
- Se não for possivel coloque um pano de prato enfarinhado sobre a forma comum. Vire a massa em uma base levemente enfarinhada e trabalhe-a por 15-20 segundos, para eliminar o ar. Cubra a massa e deixe descansar por cerca de 5min.
- Com um facão, corte a massa sem puxar, dividindo-a em 3 pedaços iguais. 
- Cubra os outros 2 pedaços de massa enquanto modela a baguete. Enfarinhe as mãos e a
- Cubra a massa até obter um retângulo de 10 x18 cm.
- Começando por um lado longo, enrole o retângulo de modo a formar um cilindro; aperte e vede com os dedos à medida que vai enrolando. Com as palmas das mãos, role o cilindro, estendendo-o até parecer uma bengala, com cerca de 40cm de comprimento.
- Coloque os pães modelados na forma preparada. Repita o procedimento com os outros dois pedaços de massa
- Cubra a forma com um pano de prato seco e deixe a massa crescer em local quente, por cerca de 1 hora, até dobrar de volume.
- Aqueça o forno a 220 graus coloque a bandeja do forno para aquecer na base do forno ou na grade mais baixa. Com uma faquinha faça em cada baguete 3 longos cortes, ligeiramente em diagonal, de 5 mm de profundidade
- Coloque a fôrma com as baguetes no forno aquecido. Imediatamente coloque cubos de gelo na bandeja do forno ou assadeira quente. Asse os pães, por 25-30 minutos, até ficarem bem dourados. Vire-os e bata na base com os nós dos dedos; o pão deve emitir som oco e os lados devem estar cocantes, quando pressionados. Deixe esfriar por completo antes de servir.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Anavantu, Anarriê



Mais um dia de trabalho sem nexo e um longo caminho entre Lapa e Vila Mariana, chego em casa com fome e feliz por ser sexta-feira, pensei em fazer algo para jantar mas talvez fosse melhor ligar para alguém e sair pra tomar umas cervejas. Já havia se passado um ano e eu ainda sentia falta de Bruno, mas estava longe e impossível demais. Chegava a amaldiçoar o dia em que decidi ir à França. 


Quando se fala “vou a França” logo se imagina uma viagem em grande estilo para Paris, um cruzeiro romântico pelo Rio Sena ou uma noite no Moulain Rouge. Comigo não foi bem assim, não tinha dinheiro para ficar muito tempo em Paris e uma amiga que estava morando em Nancy me convidou para passar uns dias com ela.

Ao chegar em Paris, meu vocabulário Francês se resumia a duas palavras “Anavantu” (en avant tous ou Avant, tout) que quer dizer “todos à frente” e “Anarriê” (en arrière), “para trás”. Fiz os passeios básicos que uma turista brasileira e desinformada pode fazer e achei que já tinha conhecido Paris o suficiente para embarcar na minha aventura pelas pequenas cidades francesas. Meu objetivo era chegar a Provence, onde havia um curso de 5 dias em gastronomia francesa, ministrado por um famoso Chef.


Em Nancy, minha amiga me ajudava com o vocabulário e em cidades menores eu não me sentia tão envergonhada por não saber falar a língua, as pessoas também eram mais amistosas o que colaborava bastante. Ana é uma talentosa ex-aluna de moda que pretendia ser estilista. Seu pai era francês radicado no Brasil, sua família paterna morava em Nancy e possuía uma fábrica de roupas onde Ana estava trabalhando.

Além de ser uma cidade industrial, Nancy chama atenção pela sua belíssima arquitetura de prédios construídos entre os séculos XV e XVIII. Lá eu tentei viver o dia-a-dia de Ana, a acompanhando por todos os lugares inclusive ao trabalho. Em uma semana meu francês já havia dado um pulo extraordinário, visto que eu já conseguia falar ‘Bom Jour”, “Oui” e "Merci". Assim achei que já estava preparada para pegar um ônibus rumo a Strasbourg e saborear seus famosos biscoitos amanteigados.


GÂTEAU DE NANCY

- 150g de chocolate meio amargo
- 125g de manteiga
- ½ xíc de açúcar refinado
- 4 gemas
- 100g de amêndoas trituradas
- 1 col de sopa rasa de fécula de batata (se não encontrar pode substituir por amido de milho, porém haverá alteração na textura)

Preparo

- Pré aqueça o forno a 180 graus
- Unte uma forma redonda de aproximadamente 22 cm de diâmetro
- Derreta o chocolate em banho Maria ou no microondas (em potência baixa)
- Acrescente a manteiga e mexa com uma espátula até ficar homogêneo
- Deixe esfriar um pouco
- Bata o açúcar com as gemas até obter um creme
- Misture com o chocolate
- Por último acrescente as amêndoas trituradas e a fécula de batata
- Derrame a massa na assadeira e leve ao forno por 35 min.ou até que o palito de dente saia limpo
- Deixe o bolo descansar em temperatura ambiente por 10min.
- Passe o bolo para um prato

Hora de servir

- Peneire açúcar de confeiteiro antes de servir.

terça-feira, 2 de março de 2010

Os Famosos Biscoitos Amanteigados de Strasbourg


Eu queria ter parado com aquela derramação de lágrimas na mesma hora que supliquei ajuda para Nossa Senhora Desatadora dos Nós, mas não aconteceu, continuei com meu choro inconsolável até dormir. Aos 29 anos estava passando pela pior crise da minha vida. Depois de duas faculdades e o tour gastronômico pela França, me sentia perdida e sem rumo profissional. Morando em São Paulo, distante da família, mal conseguia pagar as contas. Passava noites em claro, na cama, computador no colo em busca de uma luz em um blog qualquer que me tirasse daquele marasmo, depressão, pânico ou seja lá o que fosse. De dia ia como um zumbi para a produtora, conversas periféricas de metrô, ônibus lotado, chuva, frio, calor, trânsito, nada disso era pior do que chegar no trabalho e confirmar todos os dias que eu não pertencia àquele lugar. Preferi não perguntar, mas tinha certeza de que eu também parecia muito estranha para eles. Nem nos meus primeiros dias na França, cheguei a me sentir tão fora do contexto. O aroma e vapor de uma panela em fogo brando e os presuntos pendurados em um canto de um chalé alpino, em alguma cidadezinha rural francesa, em pleno inverno, me pareciam muito mais familiar que um dia de trabalho na produtora tentando destrinchar planilhas orçamentárias de um longa-metragem. Logo eu que detesto frio e amo cinema.

Nestas noites em claro eu também cozinhava, tentava traduzir as receitas dos vários livros que trouxe da viagem, com meu francês precário, substituía o que eu não entendia e o que só se encontra naquele país magnífico, por ingredientes da minha dispensa. As receitas para crises existenciais amargas, eram sem dúvida, as mais doces.

Na França, cada região tem mantido a originalidade de suas tradições culinárias, na verdade, não há nada de secreto nestas tradições, muitas vezes elas correspondem ao clima e a vegetação de cada lugar. Strasbourg é uma das cidades mais deliciosamente doces no mundo e coincidentemente foi onde conheci Bruno, brasileiro que morava em Montreal no Canadá e pulava de albergue em albergue em busca de um Francês mais fluente e fugindo de relacionamentos sólidos.



Strasbourg, fica no leste da França ao lado esquerdo do Rio Reno. É conhecida por ter o melhor biscoito amanteigado do mundo e atrai curiosos para degustar esta iguaria. E foi de lá que veio a inspiração para a receita abaixo.

CORNETS DE GANACHE

Massa

60 gr de manteiga
2 ovos
6 col, de sopa de açucar refinado
1/2 xíc. de de farinha de trigo
1 col de sopa de conhaque

Ganache

250gr. de chocolate 70% cacau
1 cx. de creme de leite sem soro

Preparo


- Pré aqueça o forno a 180 graus
Unte uma assadeira média
- Derreta a manteiga em uma pequena panela e mantenha-a derretida
- Bata os ovos com um garfo ou foue até virar um creme.
- Junte o açucar com os ovos
- Acrescente a farinha de trigo peneirada
- Acrescente a manteiga derretida e o conhaque.
- Despeje a massa em uma assadeira com uma colher, formando pequenos círculos
- Asse por 8 a 10 minutos ou até as bordas dos círculos ficarem douradas
- Retire do forno e rapidamente molde os cones utilizando um gargalo de uma garrafa
- Deixe esfriar completamente


Preparo do recheio


- Derreta o chocolate em banho maria, derretedeira ou microondas (potência média)
- Misture com o creme de leite
- Leve a geladeira por 1h


Hora de servir


- Ponha o Ganache em um saco de confeitar
- Preencha os cones
- Sirva logo após o preenchimento